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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Happy birthday Joey!

Hoje é o aniversário de Joey, um dia muito especial e que após 10 anos consigo encarar com os olhos secos. Hoje ele completaria 60 anos se estivesse vivo, poderia estar morando aqui no Brasil, pelo menos alguns meses por ano, mas a vida quis tirá-lo de um mundo que só reconheceu sua importância após a sua morte. 

Reproduzo aqui a minha postagem num dos aniversários de Joey no meu outro blog:

Num domingo normal, que prefiro nem dizer a data macabra, estava eu em plena festa ouvindo Ramones em casa (morava em SP resgatando um Karma muito ruim que sempre tive), toda feliz como era naquela época,  quando as 2 e meia da tarde tenho um ataque de choro. Todo mundo assutou porque nunca choro, a não ser de raiva. Mas estava chorando de tristeza. Uma tristeza enorme, sentindo que nunca mais ia ver os Ramones. Excluída a possibilidade de ter bebido (só toma água e suco), passou. No dia seguinte fui entregar o povo na rodoviária e voltava umas 11h da noite ouvindo o programa do Kid Vinil, velho companheiro das manhãs em frente à Woodstock. O programa já vinha tocando Ramones há umas horas quando ele aparece (geralmente ele falava no programa e não ficava só tocando música) dizendo: hoje eu não tenho condições de fazer o programa e ele é todo dedicado a memória do grande Joey que nos deixou ontem... Nem ouvi mais nada e quase passei por cima do canteiro! Um motoboy veio até o carro me ajudar. Ali acabou a vida que eu pensava que levava, todas as fichas cairam no mesmo instante. Foram tres dias de choro e ranger de dentes. Um mes depois, estava longe, no meio do mato, dei adeus a tudo e fui tentar viver outra vida, que também se revelou muito complicada, em vez de simples, como se presume a vida no campo e cidades pequenas. 

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Joey Ramone's Birthday Bash

Joey Ramone's Birthday Bash Tickets


Venda de ingressos para os felizardos: 

Tickets on sale NOW at http://bit.ly/lSInrX

Participação:


Hugh Cornwell (ex Stranglers) ft Clem Burke (Blondie) and Steven Fishman (James White and the Blacks).
Black 47
Richard Lloyd
The Rattlers
Sunday Masquerade and the Indecent

Plus Special Guests Richie Ramone
Tommy Ramone
Richie Stotts (Plasmatics)
Bebe Buell
Ed Stasium
Andy Shernoff (Dictators)
Ali McMordie (Stiff Little Fingers)
Al Maddy
Walt Stack (The Bullys)
Mickey Leigh
Sean O’Sullivan’s Punk Pipers

Hosted by Steve Craig
Matt Pinfield (101.9 WRXP)

domingo, 1 de maio de 2011

Nao fui eu, pai.


7.
Não fomos nós, papaipai

Nesta época, tudo mudava no mundo:

''Ouvimos o grito de rebeldia  “o jovem manda” ecoando no album do The Who “My generation”, mas Jeff e eu imaginamos que o que eles derreteram naquela música era só a ponta do iceberg sociológico. Uma noite num quarto de motel com papai no interior, ligamos a TV para assistirmos “Where the action is” (onde está a ação), o programa noturno de Paul Revere e os Raiders. Papai mudou de canal na mesma hora para a cobertura da guerra do Vietnam e disse que isso é que nós deveríamos estar assistindo.
- Aw, quêisso, cara? – Jeff o desafiou – Os Turtles vão passar na TV hoje!''
Como no trecho da música dos Turtles:
You say you´re looking for someone/Never weak but always strong/To protect you an´defend you/Whether you are right or wrong...But it ain´t me, babe.” (Você diz que procura alguém/nem fraco nem sempre forte/para protegê-la e defendê-la/Esteja você certa ou errada...mas não sou eu, babe).''

Música também cantada - ou talvez da autoria - do Jonny Cash, também famosa na versão do espertalhão do Bob Dylan, cujo lema é ''despejem dinheiro na minha conta bancária mas jamais se aproximem de mim.''

''Nossos pais devem ter ferrado com tudo; não podemos nos defender do que eles fizeram para este mundo, dois erros não fazem um acerto – era o provérbio da nossa fábula.''
E na época havia a segregação: ''estavam linchando o povo no sul, havia comentários sobre poluição do ar e da água que poderiam nos matar antes que nossos pais morressem, e nossos professores nos diziam para nos esconder em baixo das carteiras para nos proteger das bombas atômicas. Nós realmente acreditávamos que estávamos na véspera da destruição. Nós acreditávamos também que a juventude da America tinha os números agora, e nós estavamos tomando posse agora – com música!''

''... estas eram as coisas sobre as quais Jeff e eu conversávamos um com o outro, às vezes o dia e a noite toda.
Papai apoiava a guerra, mamãe não. Quem estava certo? Quem estava errado?
Sabíamos sobre a guerra, só não queríamos ouvir das fontes do nosso pai. Não confiávamos nelas.
- É importante e vocês vão assistir, – papai dizia, continuando sua leitura de quarto de motel – estes soldados estão lutando lá e morrendo pela America, como nós fizemos quando eu estava servindo.
-Nós ouvimos que a guerra é estupidez – Jeff persistia, tentando mudar de canal – e mamãe nos disse que nunca fossemos a França. E isto é diferente de qualquer forma, cara. Ninguém nunca sabe porque eles estão indo para lá.
-Hey – papai berrou – socando o braço de Jeff pra baixo e pondo um dedo em seu rosto – você faz o que eu disser. Eu me alistei e estava pronto a lutar, e vocês vão também quando chegar a hora. É melhor vocês aprender a respeitar. Do jeito que vocês estão começando a aparentar, não me surpreendo com o que ouço. O que a mãe de vocês tem lhes ensinado? Como ser beatnicks. E vocês são hipniks! Ou como quiserem chamar isto. E não me chamem de “cara”. Eu não sou o “cara”, sou seu pai. Não sou um dos seus beatnicks!''

Outro incidente veio a arruinar a relação do pai com eles:

''Quando deixamos o quarto de motel para jantar, Jeff  rodou o termostato até o fim para estar quente quando voltássemosm, já que estava congelando lá no alto das montanhas. Quando voltamos, o quarto estava um forno. O velho ficou tão furioso com Jeff que bateu nele através do quarto – por cima da cama – imprensando-o na parede. Foi a punição mais violenta que eu já tinha o visto praticar. Jeff não estava machucado, pelo menos não fisicamente, mas estava abalado. Ele ficou quieto pelo resto do final de semana. Eu me senti mau por ele e também dei ao velho o tratamento de silêncio também.''

Noel , o pai trouxe sua nova esposa com ele e a maltratava abertamente:

''Nós gostávamos de Nancy, então nos sentíamos mal e envergonhados da maneira com que papai a estava maltratando. Agora compreendíamos porque nossa mãe não quis ficar e suportar o comportamento de papai pelo resto da vida.''

Jeff tinha dezesseis anos, um ano de mudança antes do alistamento. 

Mas, os problemas continuavam a aumentar:

''Já que tinhámos nossas festinhas em casa, melhor que não ter nenhuma, o que pode ter nos estigmatizado nesta área bairrista de sólido judaísmo. Naquela época, era coisa de estatus e um rito de passagem de aparências. Chame de pressão religiosa. Nós não sentíamos vergonha só não éramos judeus muito religiosos. Nós provavelmente éramos os piores judeus do bairro. As crianças falavam e tinham uma tendência a repetir as coisas que os pais falam. Muitos de nossos vizinhos expressavam seu desapontamento com um olhar cáustico ou um balançar de cabeça quando passavam por nossa casa.
Não era como se fossemos para a frente da casa e fizéssemos churrasco de presunto nos dias sagrados, mas tocávamos música alto no porão em muitos deles. Talvez não fosse exatamento kosher, e  talvez eles tivessem uma carne legítima, mas ficamos surpresos com o quão intolerante um povo tão recentemente peguido poderia ser.
Como resultado, Jeff e eu desenvolvemos um estranho ressentimento pelo  nosso “próprio povo”. E nós imaginamos que seu problema conosco fosse mais por causa de dinheiro. Os vizinhos “meshugana”, como eles se referiam a nós, não dávamos valor a propriedade no quarteirão. Se era por isso, então nós judeus éramos o mesmo que todo o resto – nem melhor e nem pior.
Mesmo assim, nós tivemos uma uma bela festa, com todos nós, garotos, correndo atrás uns dos outros para dentro e fora da casa. Um dos meus amigos tinha atacado a maconha do irmão e eu acendi  atrás da garagem durante a festa, o cheiro se espalhando pelo quintal do fundo. Eu fiquei meio doido, além de tudo, era a minha festa, e eles nem mesmo me ofereceram um pouco. Talvez não fosse a ocasião certa para fumar meu primeiro baseado, ainda mais por eu ter ficado meio tonto depois de roubar um dos cigarros da mamãe e dados umas baforadas nele. Todos nós ficaríamos doidões suficientemente rápido.
Mamãe leu para nós uns artigos de jornal sobre gente que teve overdose de heroína e os perigos das drogas em geral. Cheirar cola tinha se tornado popular, e  ela nos avisou sobre perder células cerebrais e ficarmos lesados pelo resto da vida.
Mas Jeff e  eu não estávamos interessados em cola ou heroína. Nós queríamos nos tornar “experientes”, como Jimmy Hendrix definiu. Queríamos que nossas almas se tornassem “psicodelicalizadas”, como os Chambers Brothers  cantavam em “Time has Come Today”. Não havia limites na terra,   queríamos visões além daquelas que as nossas habilidaddes pudessem fornecer. Estes não eram tempos normais.''

Tudo mudou não só na revolução dos anos sessentar, mas na vida deles:

''Começamos a nos vestir como nossas estrelas do rock, ídolos, em calças bocas de sino, camisas de cetim, colares, echarpes, coletes, tudo que  parecesse com algo que The Who ou Jimmy Hendrix pudesse usar. Mesmo em Forest Hills tinha duas lojas que forneciam para a contracultura. Jeff e eu começamos a colecionar posters Day-Glo do mercado da moda, e também trouxemos alguns do Greenwich Village. Compramos uma luz negra ultravioleta e outra luz que faziam as cores dançarem pelo quarto, algumas tintas fluorescentes e pintamos estrelinhas no teto que você só podia ver na luz negra. Nós transforamos nosso quarto numa experiencia psicodélica, repleta de  shows de luz e música.
Uma noite, trouxémos mamãe ali dentro para a experiência cósmica. Ela estava realmente muito impressionada e imaginou o quanto aquilo era artístico, e, em sua opinião, inofensivo. Ela estava até encorajando nossa criatividade.
- Tomem cuidado com este incenso – ela disse – não me incendeiem a casa!
Nós estávamos no movimento hippie à nossa moda.''

As pessoas que moravam na casa deles, que tinha se tornada uma pequena pensão, afetavam seu comportamento, já que quem fugisse da vestimenta terno e tailleur naquela época era muito discriminado:

''Era estranho, estar sendo olhado de cara amarrada dentro da sua própria casa. Com todas estas pessoas indo e vindo dentro e fora de nossas vidas, nós nos tornamos progressivamente cientes do quanto estávamos distantes de sermos a “família típica”. Já tinhamos nos tornado forasteiros em nossa própria quadra. Jeff e eu designamos “People Are Strange”, do Doors como trilha sonora do ano.
Nós éramos as ovelhas negras da quadra, e até gostávamos disso. Jeff era a mais negra de nós. E conforme crescia, ele viajava mais fequentemente a Manhattan.
- Quando eu estava com uns dezesseis anos, eu fui ver o The Who no Muray the K na 59th Street – Jeff escreveu em seu jornal – Era a primeira vez que eles vinham a América,e eram realmente os grandes: o Who, Cream, Mitch Ryder ans the Detroit Wheels, os Vangrants, todas as bandas. Eu cheguei lá bem cedinho de manhã, se você chegasse lá suficientemente cedo, poderia ganhar um álbum grátis ou algo assim. Eu até trouxe minha máquina fotográfica Instamatic. O Who só tocou três músicas: “I can´t explain”, “Happy Jack” e “My generation” e eles me deixaram louco! Eram empolgantes, visuais e divertidos. Aí eles destruiram o equipamento! O Who era a minha banda favorita.''


A história dos famosos óculos de Joey Ramone:

''Jeff começou a sair pelo Greenwich Village, até nas noites durante a semana. Ele vinha para casa tarde, também. Isto causou algum sofrimento em mamãe, mas ela estava tendo problemas para controla-lo neste ponto. Jeff tinha quase dezessete anos. Sua banda, os Intruders, tinham se separado e ele estava procurando novos membros nos clubes e cafés perto de McDougal Street. Um encontro inesperado numa boutique do Village se tornou histórico.
Uma noite, ele voltou com um novo par de óculos e me perguntou como ficavam nele.
- É mais legal que os do Mr. Peabody que você tem – eu falei – Eles eram iguais ao do John Lennon e realmente ficavam bem no seu rosto. Mas as lentes não eram corretivas.
Ele pediu a mamãe para levá-lo ao oftalmologista para obter um par que ele pudesse usar. Ela concordou. Jeff saiu andando do consultório usando seus novos óculos de aro dourado, ovais, cor de rosa. O resto é história. Eles se tornaram uma extensão de sua cabeça. Mas desde que Jeff não tinha indicação médica para usá-los na escola, seus professores proibiram. Como resultado, ele passava muito tempo na sala da direção, onde ele esperava e tomava picolés.
Jeff estava ficando muito na defensiva quanto a remover seus óculos. Nosso pai se recusava a deixá-lo usar os óculos de maluco quando ele saía com ele.''

A mãe continuava tentando ajudar Jeff:

''Por um ano, minha mãe andava levando Jeff aos médicos e psiquiatras, tentando chegar à raiz de seu problema.'' 
(...)
Minha banda, o Overdose de Som tinha sido renomeada “Purple Majesty” e Jeff realmente gostava dela. Nós saímos pelo Village também. Saíamos à tarde e éramos agraciados na parada de metrô West Fourth Street por hippies pedintes/trocantes. O mais radical dos revolucionários nos ridicularizaria se não lhes déssemos dinheiro.
- Hey, yo-yos – eles gritavam – vocês não moram aqui, cara! Porque não voltam para o papai e mamãe riquinhos no Queens, ou de onde quer que tenham vindo?
Yo-yo era como eles chamavam pessoas que vinham passear no Village mas que não moravam ali – espécie de precursores do rótulo “ponte e túnel”, mais detestável, porque este hippies pensavam que estavam éticamente acima de nós. Era o começo da era “mais hippie que vocês”. ''
(...)
''Jeff se juntou a uma banda chamada Hudson Tubes, em homenagem a linha de trem que levava seus novos colegas de banda de seus locais nativos de New Jersey a seus  novos locais de barulheira no West Village. Ele estava tocando no Bitter End, Café Bizarre e Café Wha? O Hudson Tubes terminaria rapidamente depois que começou e Jeff se juntou a outra banda chamada 1812. Meu irmão estava tendo uma boa jornada e dando passos largos em direção a  ganhar confiança e aceitação que ele não tinha dos seus colegas em Forest Hills.
Mamãe estava um pouco preocupada pelas horas que Jeff gastava e as pessoas estranhas que telefonavam para ele – pessoas com nomes cósmicos que falavam em um mumbo jumbo psicodélico. Ás vezes Jeff não estava em casa, e eles conversavam comigo por horas sobre guerra e política. Eu imaginava porque estes caras mais velhos, legais, conversavam com um menino de treze anos por tanto tempo. Eu aprendi cedo demais que estas pessoas viajando, voando.
Jeff estava no topo disto agora. Uma noite ele me contou que tinha experimentado umas pílulas. Eu implorei para que ele me descrevesse isto.
- É como se você pensasse – ele disse, confirmando o que eu descobri mais tarde ser a única resposta certo no final.
-Wow! – eu disse.
Apesar de sua timidez, meu irmão tinha encontrado uma maneira de dizer uma porção de coisas com poucas palavras.''
    

The hills are alive!


6. As montanhas estão vivas!

O leitor de hoje não tem idéia, mas esta é uma canção do filme a Noviça Rebelde, sucesso do início dos anos 60 e um clássico dos musicais.
Mitch descreve a época:
''Em Forest Hills em meados de 1960 as bandas de rock começaram a se formar numa progressão excepcional. Era como se você ganhasse um prêmio só por ter iniciado uma – o que, de certa maneira, você fazia. Muitos meninos do bairro tinham estado em uma, e alguns obtiveram sucesso substancial: Tom & Jerry; a.k.a. Simon & Garfunkel; Spirit; e os Vagrants, para citar poucos.
Hordas de bandas locais estavam se esforçando para estourar, fazendo de tudo para serem notadas. Todas estavam tentando se sobressair na competição, mesmo que fosse pelo estilo, ou musicalidade, ou que quer que eles podessem inventar. Talvez encontrando um cantor que atirasse um tamborim a uma altura imensa e o pegasse nas costas, ou um baterista que rodasse as baquetas enquanto esmagava as peles, ou um guitarrista com cabelo muitíssimo comprido que pudesse desfilar ameaçador no palco, como um leão na jaula.
Os garotos de Forest Hills levavam o termo “batalha de bandas” literalmente, e sabotavam a competição era não apenas uma opção – era costumeiro. Tradicionalmente, peles de bumbo eram encontradas rasgadas e amplificadores eram repentinamente desligados durante uma apresentação de uma banda no ginásio da escola.
Uma banda chamada Tangerine Puppets ( marionetes tangerina) tinha se estabelecido como a mais popular das bandas locais.''
E como bons adolescentes:
''Achamos que os caras do Tangerine Puppets eram os mais legais do mundo. Eles tinham corte de cabelo Beatle e usavam roupas modernas. Tinham movimentos legais quando tocavam. E tinham namoradas!''
Agora - que toquem as trombetas, entram em cena dois dos futuros Ramones:
Um dos guitarristas dos Puppets  que veio era um garoto chamado Tommy Erdelyi. Outro era John Cummings, que tocava baixo no grupo.
- Olha só aquele cara – Mike Goodrich me avisou sobre John – ele às vezes está de mau humor.
''- Eu encontrei John Cummings na lanchonete da escola  Forest Hills High School - Tommy Erdelyi lembra – Bob Roland, que se tornou o cantor do Tangerine Puppets me levou para a mesa do John e me apresentou a ele. Ele tinha personalidade, era engraçado e tinha uma porção de gente perto dele.
- Ás vezes eu me sentava na mesa do John – Tommy continuou – e eu punha os braços no encosto dele. John fazia musculação e eu pesava 65 kilos mais ou menos. Ele jogava minha mão na mesa. John Cummings gostava de dominar, verbal ou fisicamente. Ele tinha necessidade de estar no comando e se sentir superior. Ele parecia não se sentir inteiro enquanto não fizesse isso.''
Mitch diz que sempre que iam aos ensaios, procuravam ficar bem longe do caminho do John, ''especialmente depois de vê-lo dar uma de gorila pra cima de Bob Roland em um dos seus shows.''
Interessante o depoimento de Tommy:
''- John tentou chutar nosso cantor Bob Roland na cabeça quando tocávamos numa daquelas batalhas de bandas em Forest Hills em 1966 – Tommy Ederlyi lembra.
- O amplificador do John começou a fazer barulho – disse o guitarrista Richard Adler – estava cortando aqui e ali, então John começou a chutar a lateral do amplificador. Bob Roland veio e começou a chutar também, exceto porque ele chutou pela frente e enfiou o pé atravessando o alto falante. 
- John ficou tão louco – Richard  recorda – que ele colocou o baixo no chão bem no meio da música e conforme o resto da banda ia tocando, começou a socar e chutar nosso cantor no meio do palco em frente ao público. John estava batendo nele enquanto nós largavamos os instrumentos para pará-lo.''
John, Tommy, George e os outros caras eram seis anos mais velhos que nós, mais ou menos. Mas eles eram “Nós” poucos anos antes, então eles nos deixavam andar por ali e observar. Eles sabiam que nunca era cedo para aprender ou conseguir experiência de palco.''
Uma amizade começou entre eles e Tommy, o futuro criador dos revolucionários quatro acordes que mudaram o mundo:
''Tommy levou sua guitarra para me mostrar a comparação e então começou a tocar “The house of the rising sun”.''
(...)
-Este é meu irmão, Jeff – informei Tommy fazendo a apresentação entre os dois futuros colegas de banda.
- Você também toca? – Tommy perguntou a Jeff.
- Nããã. – Jeff respondeu, sem mencionar sua experiência com o acordeão.''
A partir daí, o destino mexeu os pauzinhos para unir os que seriam no futuro os Ramones.
''Jeff começou a guardar não só dinheiro, mas selos de troca King Korn. King Korn era uma rede de supermercados que usava os selos como estratégia de marketing. Jeff colava os selos em livrinhos, que eram trocados por prêmios. Havia os “centro de redenção” em muitos bairros, onde as pessoas queriam trocar os selinhos por itens de sua escolha. Jeff estava de olho numa bateria Maestro desmontável com ricos vermelhos.
Mamãe tinha dito que ela e Hank não queriam barulho de bateria na casa. Mas com todo o barulho vindo do porão agora – comigo e Michael cantando e tocando nossos  violões, e Jeff batendo o ritmo na mesa com o que quer que fizesse de baquetas -  ela percebeu que perdeu a batalha. David e Reba tinham ido embora, e tristemente também Hank e nossa avó Nanu, que recentemente tinha falecido. Então mamãe deu a Jeff o polegar pra cima para apenas uma bateria.'
Nós fomos ao centro de troca e conseguimos a bateria Maestro.   Mas quando nós chegamos com ela em casa, percebemos que uma bateria desmontável precisava de um suporte. Jeff colocava  o tambor em seu colo e batia conosco até conseguirmos o suporte. Ele realmente não estava certo do que estava fazendo, e nem eu, mas estávamos nos divertindo.''
Mas, o futuro Joey tinha muita versatilidade:
''Depois de um tempo, só batendo no tambor o dia todo não era desafiador o suficiente para Jeff. Eu já tinha uma banda em andamento, e ele queria entrar numa também. Poucas semanas antes nós sermos despachados para o acampamento, mamãe deu a Jeff o OK para comprar uma bateria inteira, com chimbau, suporte, banco e tudo. Custou mais ou menos US$350 naquela época, que era caro. Ela deu a Jeff US$100 para o conjunto, a mesma soma que minha guitarra tinha custado, e ele usou o dinheiro do seu Bar Mitzva para completar. Amém.
Nós empilhamos dentro da van, e mamãe nos levou a Manny´s Music na Gorty-eight Street em Manhattan para Jeff comprar seu conjunto de bateria Gretsch branco-pérola. A casa estava mais barulhenta que nunca,e algumas noites mamãe até desligava a energia. Os garotos da quadra começaram a vir ao porão para nos ouvir tocar.
Às vezes eles nos diziam o quanto éramos bons e outras, ruins. Mas eles vinham, nossa casa estava se tornando o centro da cena do quarteirão. Era demais!
Uma coisa que não estava boa era o boletim da nona série do Jeff. Mas mamãe e nosso pai verdadeiro – o único pai agora – estavam certamente felizes em ver Jeff se graduar no Stephen A. Halsey Junior High.''
(...)

Mitch conta sobre sua experiência com a primeira banda:

''Quando voltamos do acampamento de verão, decidimos levar a sério começar uma banda.
Michael Goodrich conheceu um garoto chamado Andy Ritter, que fez uma audição com a bateria do  meu irmão. Andy tinha tocado por um ano ou mais e era muito bom para um garoto de doze anos. Agora tínhamos uma banda de verdade – quase. Nós não tinhamos baixista, mas fomos em frente e chamamos a banda de Overdose of Sound (overdose de som).
Andy trouxe sua bateria, e agora nós tínhamos duas baterias no porão, além de amplificadores e microfones. No fim até juntamos um sistema PA pequeno para os vocais.
Em poucos meses, Jeff estava procurando também formar uma banda. Ele estava no primeiro período na Forest Hills High School na décima série e tinha conhecido um colega de classe chamado Demetrius que tocava guitarra muito bem e cantava também. Demetrius era um patinho feio. Ele tinha uma linda Fender Stratocaster. Ele beijava sua guitarra e a cobria com um cobertor antes de fechar o estojo. Ele e Jeff conseguiram uma boa amizade e comecaram a formar o que seria a primeira banda para os dois: os Intruders. Mamãe desenhou um logotipo para eles e o marcou na pele da bateria de Jeff.
Eles estavam tendo dificuldades em preencher o resto do grupo, já que Demetrious era temperamental e Jeff estava ainda tentando tocar mais rápido as batidas mais difíceis. Jeff ainda náo conseguia tocar  Wipeout” muito bem, mas pretendia te uma banda, e com certeza estava mostrando que apesar de sua extrema timidez, ele tinha vontade, os meios, a coragem e o que quer que precisasse para fazer isso.''
Para custear as despesas da casa, a mãe deles passou a alugar os quartos para aeromocas - ''era o outono de 1967. O aquecimento tinha quebrado, o preco do óleo do aquecimento tinha subido, os ventos da tempestade chegaram, e a TV queimou. O inverno chegou no nosso caminho, mas náo havia dinheiro vindo para ajudar a nos preparar para ele.''
(...)
''Jeff e eu estávamos agora com quinze e doze anos - e amadurecendo, se você me entende. Pensamos:
 - Aeromocas, grande idéia mãe!'
Uma aeromoca da Pan Am respondeu ao anúncio e Jeff e eu ansiosamente esperamos sua chegada. Tarde da noite nós dividíamos nossas fantasias.
-Eu ouvi que estas aeromocas são doidonas! – Jeff me disse na noite antes da chegada da primeira.
- Vai ser demais, cara! – eu continuei – como naquele filme do Tony Curtis Boeing boeing. Mas – pensei – você acha que elas fariam alguma coisa com a gente? Eu digo, eu e voce não somos exatamente Tony Curtis.
- Não –ele concordou – mas pelo menos somos ... mais novos!''
(...)
- Somos o mundo moderno, somos o futuro! – diziamos a nós mesmos. E então assistíamos a alguma comédia que fazia apologia a família no Halmark Hall fo Fame  e ficávamos bem tristes.

Five! Desilusões.


5. Tudo desabou
Durante este período de transição da moda e da música, as pernas excepcionalmente longas do Jeff realmente foram uma mão na roda para Mitch. ''Nós brincávamos de lutar no gramado, com garotos sentados no topo dos ombros dos parceiros, batalhando para empurrar ou atacar e derrubar os outros. Quando eu estava nos ombros do Jeff, tinha uma enorme vantagem, nossos oponentes tinham que tentar subir mais para tentar puxar nossos braços.
Um dia meu amigo Kenny Slevin deu uma rasteira no Jeff enquanto comemorávamos nossa vitória. Eu estava com os punhos erguidos em triunfo quando desabamos – para alegria de todos. Eu rachei a cabeça num cano de óleo, e de novo, Jeff me pegou e levou para casa. Imediatamente, mamãe me levou para o hospital, onde eu fui costurado com quinze pontos no meio da cabeça. O bom é que pelo menos por um mês eu tive um passe livre para corte de cabelo. Todos queríamos que nossos cabelos crescessem além das orelhas e usar franjinhas como nossos heróis, mas nnguém tinha permissão – ainda. Eu fui o primeiro garoto na escola a ter um corte de cabelo Beatle.''
''As garotas da escola do Jeff não eram tão legais com ele, nem os garotos.'
Um varapau, Jeff vinha de Halsey regularmente com histórias como ser zoado, empurrado, atacado, e ridicularizado nos corredores e escadarias da escola. Ele estava se tornando mais introvertido socialmente. Ele não saia depois da escola com colegas, não tinha muitos amigos.'
Jeff tinha que frequentar aulas de educação física pela primeira vez. Imagine este garoto magricelo tentando empurrar aquele corpo comprido sobre uma corda a três metros de altura, com o professor forçando e os colegas fazendo chacota. A classe inteira vinha ver como ele segurava nas barras de exercício, experando para explodir em gargalhadas. As notas de Jeff paralelamente com sua auto estima eram baixas.'
Mamãe e Hank deram a ele atenção especial e ajudaram nas suas lições. Hank era encorajador. Ele se formou no Brooklin College (faculdade) e queriam que nós nos graduássemos. Jeff teve ajuda, mas continuou mais frustrado.''
Jeff teve seu bar mitzva no seu aniversário de treze anos

''Nós não estávamos numa escola muito religiosa e sempre comemorávamos o Hanukkah e no natal, até com a árvore e a menorah. Pensávamos no natal como uma festa americana e no Hanukkah  como um feriado judeu. Havia um pensamento sincero dado o judaísmo e a tradição, mas Jeff queria o  bar mitzva principalmente por causa do mesmo que todo garoto da vizinhança: o gelt (presente em dinheiro).''
Normalmente, os garotos de Forest Hills tinham encontros em hotéis bacanas ou cantinhos e faziam como bandidos. Mamãe e Hank deram a Jeff um lugarzinho simples na casa, mas ele ainda saía-se muito bem com o que ganhou.

Em agosto daquele ano, os Beatles - grandes ídolos do mundo e não poderia ser diferente, do ainda não Joey Ramone, Jeff, estariam aparecendo bem no nosso bairro! ''Eles fariam dois shows no Forest Hills Tennis Stadium, só à quadras da nossa casa! Mamãe e Hank nos avisaram que éramos muito pequenos para este tipo de coisa e insistiram que ficássemos longe do pandemônio. Eu tinha dez anos e sabia que não podia fazer nada. Jeff estava furioso. Ele tinha treze. Nós pegamos no pé do nosso pai para ele nos levar ver “A hard day’s night” (filme).
Papai nos levou para o campo no final de semana que o filme estreeou, e nós não desistimos até ele concordar em dirigir até o cinema onde estava passando, o que ficava a umas trinta milhas de distância.
- Dirige mais rápido, Bub, mais rápido!''

Nesta mesma época, Jeff começou a se interessar por carros esporte, sem dúvida por causa das músicas que ele ouvia sobre Mustangs, douce coupes e Corvettes. Ele adorava quando o pai (que era chamado meu velho, como era moda na época) os levava ao National Car Show todo ano no New York Coliseum e sempre queria ficar o dia todo lá.Ele brincava com miniaturas dos carros de corrida (como o autorama) de controle remoto.   Havia lojas que alugavam uma volta nos maiores. Jeff se dava bem neste esporte, onde músculos não eram importantes.
Jeff começa a se interessar por tocar instrumentos e extremamente encorajado.  
''Estávamos nos divertindo, mas um enorme dilema surgia. Os Beatles se apresentariam no Shea Stadium em agosto, enquanto nós quatro passaríamos o primeiro verão no acampamento no interior. Perderíamos – de novo.''
Jeff estava tão aborrecido que mencionou anos mais tarde, num artigo para uma revista que ele começou e nunca terminou:
- Era 1965 – escreveu – eu tinha treze, quatorza anos. Minha mãe tinha se casado novamente. Eu era um solitário, eu e meu irmão, e me orgulho: rock & roll foi a nossa salvação. Agora todo verão, pelo Queens Boulevard, haveria um enorme cartaz dos concertos no Forest Hills Tennis Stadium. Este ano dizia: quinze de agosto -  Beatles no Shea Stadium. Era empolgante, eu queria ir, mas NÂO! Eu tive que ir dormir num acampamento. Isto me matou.
''No acampamento, Jeff inicialmente levou a tradicional ''zoada'' dos garotos que nunca tinham visto alguém como ele. Mas antes que eles tirassem o sarro dele, as crianças elitistas e populares, pararam de perturbá-lo criando um clima de camaradagem no camping. Como qualquer criança, Jeff entrou no espírito do acampamento de verão, como expressou numa carta para nosso pai.''

Querido Pai,
Como vai?
Estou bem. Desde minha última carta nós tivemos “tribais” e um carnaval, que foi muito legal. Semana passada fomos para Tanglewood, um lugar muito lindo. Outro campistae eu ficamos andando por ali, e num vampo abaixo vimos um enorme celeiro. Era onde eles guardavam baquetas e ficamos brincando com bateria e outros instrumentos ali. Aí voltamos para ouvir o concerto do Boston Pops Orchestra que só começou às 8 da noite.
Encontrei uma porção de garotos que eram da minha escola lá. Me diverti muito. Esta semana, 9 de agosto, fomos à “como ter sucesso nos negócios sem se esforçar”. Foi bom também. No nosso último dia de folga, fomos ao State Capitol e lá vimos Batman e “Disk-O-Teen Holiday”. Batman foi bom mas eu gostei mais do outro filme. Tinha todos os grupos musicais nele. Eu vi um chamado Vagrants que mora em Forest Hills, e eu conheço. Eles são muito bons e eu li recentemente que gravaram seu primeiro disco. Esta semana fomos numa caminhada com acampamento a céu aberto. Dormimos ao lado do lago Thomson em sacos de dormir, fizemos nossa própria fogueira e comida. Foi uma experiência de sobrevivência. Andamos na trilha por 10 milhas. Hoje é dia 12 de agosto e guerra das cores deve começar logo. Bem, é tudo que aconteceu até agora.
Até mais!
Com amor,
Jeff

Enquanto estavam no acampamento, mamãe e Hank foram para Stuttgart, Alemanha, comprar um novo Porsche 911 marrom-chocolate. Eles planejavam dirigir pela Europa até o meio de agosto e voltar aos Estados Unidos no navio SS France, trazendo seu lindo carro.
''Mas quando acabou o acampamento e o ônibus nos deixou de volta no Queens, apenas mamãe estava lá para nos encontrar. Ela nos abraçou como nunca antes. Eu pensei que ela poderia ter sentido muita saudade de nós. Mamãe contou que Hank não pode vir com ela nos buscar e que ela explicaria em casa.
Quando entramos na casa, ela pediu que entrássemos no quartinho. Nós percebemos que algo estava errado. Nós quatro sentamos no sofá, instintivamente entrando em pânico.
- Papai não vem pra casa hoje – mamãe começou; de repente, o rosto dela ficou visívelmente diferente do que nos deixou no acampamento – nós tivemos um acidente com o carro – disse baixinho – e seu pai faleceu.''
Após este acidente, que terminou com a perda dos meio-irmãos Reba e David, sua atitude diante da vida mudou:
''Agora Jeff e eu estávamos apavorados também – pela noção que chegamos perto de perder nossa mãe. Sabíamos porque seu rosto estava tão diferente. Ela tinha pontos na boca e arroxeados no rosto.''
Após a partida dos irmãos, a amorosa Charlotte conversou com eles.
''- Somos só nós três agora – ela disse – e vai dar tudo certo. Não se preocupem. Ficaremos bem.
Mamãe abraçou Jeff e eu. Nós três choramos baixinho, enquanto apertávamos uma ao outro. Antes que mamãe nos deixasse sair, ela ainda nos deu um abraço apertado e beijou o topo de nossas cabeças.
Bom, o topo de uma de nossas cabeças: Jeff estava fora de seu alcance.''